DIVERSIDADE TAXONÔMICA EM TOPOSSEQUÊNCIA EM ÁREA DE FLORESTA OMBRÓFILA EM PERNAMBUCO

Anália Carmem Silva Almeida, Maria de Jesus Nogueira Rodal, Maria Amanda Menezes, Tereza Cristina Soares de Albuquerque, Luiz Gonzaga Mascarenhas

Resumo


RESUMO

Compreender os fatores e processos que interferem na montagem das comunidades são importantes para estabelecerem estratégias de conservação de espécies e implementar ações de restauração de ecossistemas florestais. Foi investigado se a heterogeneidade de habitat (representada pela topossequência) interfere na montagem de comunidades arbóreas em três áreas de Floresta Ombrófila (duas localizadas em Igarassu e uma em Goiana) em Pernambuco, Brasil. Foi testada a hipótese que a variação das variáveis químicas do solo ao longo de uma topossequência (plano com água, encosta e topo) possibilita a existência de diferentes padrões de riqueza e diversidade de espécies arbóreas. A previsão adotada foi que nos ambientes mais restritivos (áreas com baixos teores de fósforo e potássio, com alta saturação de alumínio e baixo pH) seriam encontradas menores riqueza e diversidade de espécies. Analisou-se a diversidade alfa através da Série de Hill e a diversidade beta foi analisada a partir do seu particionamento usando-se os Índices βsor, βjac e βnes.O estudo da diversidade taxonômica e sua relação com a heterogeneidade de habitat não confirmou a previsão inicial de que seria encontrado menor riqueza e diversidade alfa de espécies nas áreas com ambientes mais restritivos, como a área plana com água. Todavia, com relação da diversidade beta, os resultados apontam que o processo de turnover é predominante nas comunidades estudadas, sinalizando assim que outros fatores abióticos/bióticos não identificados nesta pesquisa podem estar atuando no processo de montagem de comunidades.


Palavras-chave


Comunidades, Filtros abióticos, Série de Hill.

Texto completo:

PDF

Referências


ALVARES, C. A. et al. Koppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, p. 711-728, 2013. DOI: 10.1127/0941-2948 / 2013/0507.

APAC-AGÊNCIA PERNAMBUCANA DE ÁGUAS E CLIMA. Sistema de geoinformação hidrometeorológico de Pernambuco. Disponível em: Acesso em 15 julho 2021.

APG IV. An update of the angiosperm phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, p. 1-20, 2016. DOI: 10.1111/boj.12385.

ARTUSI, A. C. et al. Respostas morfológicas ao alagamento em espécies arbóreas de florestas ribeirinhas subtropicais brasileiras. Iheringia, v. 75, p. 1-7, 2020. DOI: 10.21826/2446-82312020v75e2020001.

BASELGA, A. Partitioning the turnover and nestedness components of beta diversity. Global Ecology and Biogeography, v. 19, p. 134-143, 2010. DOI: 10.1111/j.1466-8238.2009.00490.x.

BEGON, M. et al. Ecology: From individuals to ecosystems. Oxford: Blackwell Publishing, 2006. 759p. Disponível em Acesso em 24 fev. 2021.

BILIA, C. G. et al. Influência da heterogeneidade ambiental sobre os atributos da comunidade de Chironomidae em lagoas de inundação neotropicais. Heringia, v. 105, p. 20-27, 2015. DOI: 10.1590/1678-4766201510512027.

BOTREL, R. T. et al. Influência do solo e topografia sobre as variações da composição florística e estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva de uma Floresta Estacional Semidecidual em Ingaí, MG. Revista Brasileira de Botânica, v. 25, p. 195-213, 2002. DOI: 10.1590/S0100-84042002000200008.

BRAGA, C. et al. Metacomunidades: Uma introdução aos termos e conceitos. Oecologia Australis, v. 21, p. 108-118, 2017. DOI: 10.4257/oeco.2017.2102.02.

BUDKE, J. C. et al. Relationships between tree component structure, topography and soils of a riverside forest, Rio Botucara, Southern Brazil. Plant Ecology, v. 189, p. 187-200, 2007. DOI: 10.1007/s11258-006-9174-8.

CAGLIONE, E. et al. Estrutura e diversidade do componente arbóreo de Floresta Atlântica no Parque Nacional da Serra do Itajaí, Santa Catarina. Floresta, v. 45, p. 289-302, 2015. DOI: 0.5380/rf.v45i2.33499.

CAMPOS, M. C. C. et al. Topossequência de solos na transição campos naturais-floresta na região de Humaitá, Amazonas. Acta Amazônica, v. 42, p. 387-398, 2012. DOI: 10.1590/S0044-59672012000300011.

CARVALHO, J. et al. Relações entre a distribuição das espécies de diferentes estratos e as características do solo de uma floresta aluvial no Estado do Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 23, p. 1-9, 2009. DOI: 10.1590/S0102-33062009000100002.

CLIMATE-DATA. Clima: Pernambuco. Disponível em: . Acesso em: 26 maio 2018.

CHAO, A. et al. Rarefaction and extrapolation with Hill numbers: a framework for sampling and estimation in species diversity studies. Ecological Monographs, v. 84, p. 45-67, 2014. DOI: 10.1890/13-0133.1.

CPRH-AGÊNCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. Diagnóstico socioambiental do litoral norte de Pernambuco. Recife: CPRH, 2003. 214 p.

CUBINO, J. P. et al. Plant taxonomic and phylogenetic turnover increases toward climatic extremes and depends on historical factors in European beech forests. Journal of Vegetation Science, v. 31, p. 1-12, 2021. DOI: 10.1111/jvs.12977.

EMBRAPA-EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Amostragem e cuidados na coleta de solo para fins de fertilidade. Manaus, Embrapa Amazônia Ocidental, 2014. 18 p. Disponível em Acesso em: 26 maio 2018.

GOMES, J. P. et al. Beta diversity as an indicator of priority areas for Myrtaceae assemblage conservation in Subtropical Araucaria Forest. Biodiversity and Conservation, v. 29, p. 1361–1379, 2020. DOI: 10.1007/s10531-020-01940-8

GRANDIS, A. et al. Respostas fisiológicas de plantas amazônicas de regiões alagadas às mudanças climáticas globais. Brazilian Journal of Botany, v. 33, p. 1-12, 2010. DOI: 10.1590 / S0100-84042010000100002

GRASEL, D. et al. Tree community patterns along pond-upland topographic gradients, upper Uruguay River basin, southern Brazil. Folia Geobotanica, v. 55, p. 109-126, 2020. DOI: 10.1007/s12224-020-09368-2.

GUERRA, T.N.V. et al. Influence of edge and topography on the vegetation in an Atlantic Forest remnant in northeastern Brazil. Journal of Forest Research, v. 18, p. 200-208, 2012. DOI: 10.1007 / s10310-012-0344-3.

HAMMER, O. et al. Past: Paleontological statistic software package for education and data analysis. Disponível em: Acesso em 20 jan. 2019.

HILLERISLAMBERS, J. et al. Rethinking community assembly through the lens of coexistence theory. Annual Review of Ecology, Evolution and Systematics, v. 43, p. 227-248, 2012. DOI: 10.1146/annurev-ecolsys-110411-160411.

IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 2012. 271 p.

IPA-INSTITUTO AGRONÔMICO DE PERNAMBUCO. Catálogo das áreas das estações experimentais do IPA. Recife, 2015. 44 p.

JUHÁSZ, C. E. et al. Dinâmica físico-hídrica de uma toposseqüência de solos sob Savana florestada (Cerradão) em Assis, SP. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 30, p. 401-412, 2006. DOI: 10.1590/S0100-06832006000300002.

LUO, F. L. et al. Responsiveness of performance and morphological traits to experimental submergence predicts field distribution pattern of wetland plants. Journal of Vegetation Science, v. 27, p. 340-351, 2016. DOI: 10.1111 / jvs.12352.

MAGNAGO, L. F. S. et al. Structure and diversity of restingas along a flood gradient in southeastern Brazil. Acta. v. 27, p. 801-809. 2013. DOI: 10.1590/S0102-33062013000400020.

MAGURRAN, A. E. Medindo a diversidade biológica. Curitiba: Editora da UFPR. 2013, 261 p.

MATOS, F. A. R. Gradiente e diversidade numa Floresta Atlântica primária do Sul da Bahia. 2012. 83f. Dissertação (Mestrado em Botânica). Universidade federal de Viçosa-UFV. 2012. Disponível em: < https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/2538/1/texto%20completo.pdf/> Acesso em 15 ago. 2021.

MENDES, D. S. O. et al. Os solos e geoambientes das campinaranas amazônicas: relação genética entre os geoambientes e a evolução da paisagem em um transecto na bacia do Alto Rio Negro, Amazônia. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 18, p. 547-559, 2017. DOI: 10.20502/rbg.v18i3.1192.

MENEZES, B. S. et al. Montagem de comunidades: conceitos, domínio e estrutura teórica. Oecologia Australis, v. 20, p. 1-17, 2016. DOI: https://doi.org/10.4257/oeco.2016.2001.01.

MICROSOFT. Excel, microsoft corporation, Washington, EUA, 2018. 1 CD-ROM.

MÜNKEMÜLLER et al. Dos and don'ts when inferring assembly rules from diversity patterns. Global Ecology and Biogeography, v. 29, p. 1-18, 2020. DOI: 10.1111/geb.13098.

MURCIA, C. Edge effects in fragmented forests: Implications for conservation. Trends in Ecology and Evolution, v. 10, p. 58-62, 1995. DOI: 10.1016/S0169-5347(00)88977-6.

NASCIMENTO, M. T; CUNHA, C. N. Estrutura e composição florística de um cambazal no Pantanal de Poconé-MT. Acta, v. 3, p. 3-23, 1989. DOI: 10.1590/S0102-33061989000100001.

NUNES, et al. Grupo Barreiras: Características, gênese e evidências de neotectonismo. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2011. 31p. - (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento / Embrapa Solos,194). Disponível em: Acesso em 20 jan. 2019.

PRESLEY, S. J. A comprehensive framework for the evaluation of metacommunity structure. Oikos, v. 119, p. 908-917. 2010. DOI: 10.1111/j.1600-0706.2010.18544.x.

REZENDE, V. L. et al. Tree species composition and richness along altitudinal gradients as a tool for conservation decisions: the case of Atlantic Semideciduous Forest. Biodiversity and Conservation, v. 24, p. 2149–2163, 2015. DOI: 10.1007/s10531-015-0939-z.

SILVA, A. C. B. L. Influência da área e da heterogeneidade de habitats na diversidade vegetal em fragmentos de Floresta Atlântica. 2010. 181f. Tese (Doutorado em Ecologia). Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ. 2010. Disponível em: Acesso em 12 dez. 2020.

SIQUEIRA, C. C.; ROCHA, C. F. D. Gradientes altitudinais: conceitos e implicações sobre a biologia, a distribuição e a conservação dos anfíbios anuros. Oecologia Australis, v. 17, p. 282-302, 2013. DOI: 10.4257/oeco.2013.1702.09.

SOUZA, K. et al. Estrutura e estratégias de dispersão do componente arbóreo de uma floresta subtropical ao longo de uma topossequência no Alto-Uruguai. Revista Scientia Forestalis, v. 43, p. 321-332, 2015. Disponível em: < https://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr106/cap08.pdf> Acesso em 13 ago. 2021.

SOUZA, K. et al. Partição de nicho por grupos funcionais de espécies arbóreas em uma floresta subtropical. Rodriguésia, v. 68, p. 1165-1175, 2017. DOI: 10.1590/2175-7860201768401.

TERRA, M. C. N. S. et al. Influência topo-edafo-climática na vegetação de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Mantiqueira, MG. Ambiente e Água, v. 10, p. 928-942, 2015. DOI: 10.4136/ambi-agua.1705.

VIANNA, L. F. N. et al. Aplicação de descritores de heterogeneidade ambiental na seleção de áreas para sistemas de parcelas amostrais: um estudo de caso para a determinação de hotspots potenciais de biodiversidade. Geografia, v. 40, p. 211-239, 2015. Disponível em: < https://www.researchgate.net.> Acesso em 03 fev. 2021.

VIEIRA, S. Bioestatística: Tópicos avançados. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 278p.

XU, J. et al. Using phylogeny and functional traits for assessing community assembly along environmental gradients: A deterministic process driven by elevation. Ecology and Evolution, v. 7, p. 5056-5069, 2017. DOI: 10.1002/ece3.3068.

ZIMMERMANN, F. J. P. Estatística aplicada à pesquisa agrícola. Brasília, Embrapa, 2014. 582 p.

WHITTAKER, R. H. Gradient analysis of vegetation. Biological Reviews, v. 40, p. 207-264, 1967. DOI: 10.1111/j.1469-185X.1967.tb01419.x.




DOI: https://doi.org/10.12661/pap.2022.017

Métricas do artigo

Carregando Métricas ...

Metrics powered by PLOS ALM

Apontamentos

  • Não há apontamentos.



Pesquisa Agropecuária Pernambucana
ISSN 0100-8501 (impresso)
ISSN 2446-8053 (online)


Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA)
Av. General San Martin, 1371
Bongi, Recife, PE, CEP 50761-000
revista.pap@ipa.br