EFEITO DA SAZONALIDADE AMAZÔNICA NO CRESCIMENTO DE OSTRAS CULTIVADAS

Rafael Anaisce das Chagas, Ana Carolina Freitas Ribeiro, Wagner César Rosa dos Santos, Mara Rúbia Ferreira Barros, Weverton John Pinheiro dos Santos, Marko Herrmann

Resumo


A ostreicultura vem se desenvolvendo nos últimos anos, porém, para o sucesso deste cultivo é necessário compreender como os fatores que afetam o seu crescimento. O presente estudo objetivou analisar o efeito da sazonalidade amazônica no crescimento de ostras Crassostrea tulipa (Lamarck, 1819) cultivadas no litoral amazônico. Realizou-se coletas nos meses de abril e dezembro de 2016, com amostragens de 30 ostras. Utilizou-se o método de marcação interna na concha usando fluorocromo calceína para detecção do incremento de crescimento. Em laboratório, as ostras passaram por processamento para posteriores cortes e observação em microscópio de fluorescência, e sequentemente, estimou-se a taxa de incremento diário. Após testar o efeito da sazonalidade e verificar a interação deste nas classes de comprimento, utilizou-se Análise de Variância two-way (ANOVA two-way) seguida de um teste post-hoc de Tukey. Os resultados indicam que não há diferença no crescimento das ostras por classes de comprimento sob influência da sazonalidade [F(3, 180) = 0,647; p = 0,585] mas indica diferença no crescimento da ostra por sazonalidade [F(1, 180) = 7,676; p < 0,001] e entre as classes de comprimento [F(3, 180) = 11,175; p < 0,001]. Neste contexto, evidencia-se que o incremento de crescimento diário é maior na estação seca do que na estação chuvosa (p = 0,006). Diante disso, conclui-se as ostras podem ser cultivadas independente do período e que indivíduos das classes semente, juvenil e baby apresentam melhor desempenho de crescimento.

Palavras-chave


Amazônia; Ostreicultura; Crassostrea tulipa; Dinâmica do crescimento.

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DOI: https://doi.org/10.12661/pap.2022.001

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